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Primeiramente, se deve entender que a CNV [Comunicação Não Violenta], não é sinônimo de PASSIVIDADE, e sim um método de comunicação que visa, principalmente, ?baixar a guarda? dos interlocutores, já que em várias situações os stakeholders apresentam reações defensivas. Defensivas no sentido de não compaixão, de não escutar, e na maioria das vezes, se defender atacando.

A CNV proporciona excelentes ganhos nos relacionamentos interpessoal e intrapessoal [auxilia a nossa comunicação interior], já que orienta a nos expressarmos honestamente e a escutar o outro com empatia.

?O que eu quero em minha vida é compaixão, um fluxo entre mim mesmo e os outros com base numa entrega mútua, do fundo do coração.? MARSHALL B. ROSENBERG

Uma imagem contendo pessoa, cadeira, mulher, mesa

Descrição gerada automaticamente

 

Marshall Bertram Rosenberg (Ohio, 6 de outubro de 1934 - Albuquerque, 7 de fevereiro de 2015) foi um psicólogo americano mais conhecido por ter fundado o método de comunicação não violenta [CNV].

Podemos dizer que Marshall é o pai da CNV.

Ele usa a metáfora da girafa e do chacal para demonstrar como as palavras, ações e intenções interferem, diretamente, na qualidade das relações pessoais.

As girafas são os mamíferos terrestres com o maior coração. O seu coração tem que levar o sangue pelos seus pescoços acima, até ao cérebro.

O grande coração da girafa transmite a ideia de ouvir e falar sem juízo de valor, enquanto, o seu longo pescoço, representa a possibilidade que temos de enxergar o todo, entender que cada cenário é um cenário diferente, e que além de pessoas e fatos, há sentimentos envolvidos.

Já o chacal [lobos] representa uma linguagem truculenta, violenta, de não responsabilização. Podemos dizer que é uma consciência julgadora, destrutiva, uma comunicação improdutiva.

 

A CNV propõe que a nossa comunicação obedeça, quatro componentes.

1. observação;

2. sentimento;

3. necessidades;

4. pedido.

Observar o que está de fato acontecendo em uma determinada situação. A ?sacada? é comunicar tal observação isenta de julgamento ou avaliação. Dizer com honestidade o que nos agrada ou desagrada no que você observa naquilo que as pessoas estão fazendo.

Depois, é momento de identificarmos como nos sentimos em relação aos fatos. Tal situação te deixou magoado, triste, feliz, alegre, etc. Neste componente é preciso estar atento a não transmitir pensamentos. É muito comum falarmos o que pensamos e não o que sentimos.

O terceiro componente nos orienta a reconhecer as nossas necessidades envolvidas nos sentimentos que identificamos. E estar ciente que a responsabilidade por este sentimento é, exclusivamente, sua, e não dos stakeholders envolvidos.

Para ilustrar, vejamos um exemplo que Marshall apresenta em seu livro.

Girafa comendo folhas de árvore

Descrição gerada automaticamente

Uma mãe poderia expressar os três primeiros componentes ao filho adolescente dizendo:

 "Roberto, quando eu vejo duas bolas de meias sujas debaixo da mesinha e mais três perto da TV, fico irritada, porque preciso de mais ordem no espaço que usamos em comum".

A partir daí, sem hesitar, completaria com um pedido específico, o quarto componente da CNV.

"Você poderia colocar suas meias no seu quarto ou na lavadora?"

 

Percebe que o quarto componente está focado no que nós queremos que o outro faça?

Vivemos em comunidade e dar e receber faz parte de nossa jornada. Mas, lembre-se, fazemos pedidos e não exigências.

Os quatro componentes precisam estar presentes, tanto quando estamos no papel de emissor como, também, de receptor.

Quando no papel de receptor, devemos estar atentos em interpretar o que os stakeholders estão transmitindo. As mensagens carregam os quatro componentes, porém, poucas vezes, expressadas de forma literal e não violenta.

Precisamos assumir a responsabilidade em identificar o que de fato o outro observou em nosso comportamento, não foque no julgamento e/ou avaliação, escute a observação. A partir da observação será mais fácil perceber o sentimento envolvido, as necessidades não supridas e o que a pessoa quer que você faça para estabelecer, manter ou reestabelecer relacionamento.

 

Esteja certo de que você entendeu a mensagem do seu interlocutor, se necessário, confirme o seu entendimento, por exemplo, parafraseando. Este assunto trataremos em uma nova oportunidade, inclusive, em breve, falaremos do método L.E.T [Método Gordon], o qual eu entendo que contribui para o enriquecimento da CNV e vice-versa, inclusive, quando não conseguimos estabelecer rapport na comunicação.

 

 

Fonte:

Nonviolent communication: a language of life.

Bibliografia. ISBN 978-85-7183-826-0

Marshall B. Rosenberg