A palavra ai, é pobre no que se refere as letras, duas vogais somente, porém rica no significado (dor, gemido, sofrimento, clamor, lamento, queixa, alegria), e por que não dizer, abundante na vida das pessoas.
Quem nunca falou um ai, que atire a primeira pedra!
No capítulo 23 do livro de Provérbios são narrados alguns ditados sábios, e o verso 29 menciona a palavra "ais".
[Provérbios 23]
29 De quem são os ais? De quem as tristezas? E as brigas, de quem são? E os ferimentos desnecessários? De quem são os olhos vermelhos?
Os ais nas escrituras, não param por aí, no evangelho segundo Mateus, o autor, no capítulo 23, apresenta o momento em que Jesus fala aos doutores da Lei, e nesta ocasião são sete os ais que Jesus declara a eles.
No geral, Jesus está tratando o falar de tais doutores, os quais não agem como pregam.
Tipo, faça o que eu digo, mas não o que eu faço!
Nas sete oportunidades, Jesus abre a sua fala, com a mesma frase.
"Ai de vós, doutores da Lei e fariseus, hipócritas!"
Como vimos, tais ais foram direcionados aos doutores da Lei e fariseus, os quais eram hipócritas, assim, podemos dizer que os ais, cabem a todas pessoas que venham a desempenhar tal papel, os que fingem ser o que não é.
A cada ai, Jesus relacionava ao papel que estavam desempenhando, como eu mencionei foram sete ais. Temos ainda, em Apocalipse, três ais. E outros, espalhados pelas escrituras.
São ais que não acabam mais, não é mesmo?
Porém, por hora, não vamos abordá-los.
Vamos nos concentrar nos ais de Provérbios.
Bom, eu já disse que durante nossa jornada, vivenciamos alguns ais, e reforço o convite. Quem nunca falou um ai, que atire a primeira pedra!
Eu não posso atirar, pois durante a minha jornada, não falei um ai, e sim alguns ais.
Ao ler o texto de Provérbios 23, especificamente, os versos de 29 a 35, me lembrei de um fato relacionado ao vinho. Um ai daqueles difíceis de esquecer.
Acompanhe o texto a que me refiro e em seguida conto um dos meus ais.
[Provérbios 23]
29 De quem são os ais? De quem as tristezas? E as brigas, de quem são? E os ferimentos desnecessários? De quem são os olhos vermelhos?
30 Dos que se demoram bebendo vinho, dos que andam à procura de bebida misturada.
31 Não se deixe atrair pelo vinho quando está vermelho, quando cintila no copo e escorre suavemente!
32 No fim, ele morde como serpente e envenena como víbora.
33 Seus olhos verão coisas estranhas, e sua mente imaginará coisas distorcidas.
34 Você será como quem dorme no meio do mar, como quem se deita no alto das cordas do mastro.
35 E dirá: "Espancaram-me, mas eu nada senti! Bateram em mim, mas nem percebi! Quando acordarei para que possa beber mais uma vez? "
Aqui, o vinho é tratado por Salomão, como o prazer que embriaga, te atrai pela beleza que cintila os seus sonhos e desejos, age de forma suave, porém, na verdade são doses de ais que vão te fazer perder os sentidos, distorcer sua visão e te levar a caminhos distantes dos que o cintilar do vinho fez você acreditar ser o caminho certo.
O vinho pode ser qualquer coisa que você demora degustando, e que lhe causa prazer imediato. Como é uma boa taça de vinho.
Há vinhos & vinhos, saber escolher qual saborear é fundamental, e na dose certa é vital.
Isso vale para tudo na sua jornada! Saborear o certo, na dose certa!
Saiba que, tudo o que é excesso é falta. Sua jornada é a soma das várias áreas de sua vida. Um exemplo?
A área profissional não pode ocupar a dose da área pessoal, e vice-versa.
Quando você não administra as doses a degustar em cada área de sua vida, você se embriaga com determinada área e os ais são inevitáveis, portanto, saiba viver o todo, sem excessos.
Bem, agora eu vou contar o meu ai. Um ai causado pelo vinho, a bebida que eu não soube administrar a dose.
Quando eu era mais novo. E põe mais novo nisto! Eu tomei um tremendo porre de vinho. Eu devia ter de 13 para 14 anos de idade.
Era uma festa junina, e naquele dia, eu e meus colegas, ganhamos muitas garrafas de vinho nas barracas da argola.
Você joga a argola no brinde que você queira, e acertando, leva o respectivo prêmio. Ganhamos muitos e consequentemente nos embriagamos muito.
As consequências foram as descritas nos versículos 32 a 35, de Provérbios 23.
A única exceção é o finalzinho do 35, ("Quando acordarei para que possa beber mais uma vez?"), pois quando cheguei em casa e me deitei, a única coisa que eu não queria fazer era me embriagar novamente.
Naquele episódio, meus ais foram muitos.
Lembro-me que chorava muito, vomitava muito (nheca) e ao mesmo tempo prometia para minha mãe que jamais faria aquilo novamente.
Promessa feita, promessa descumprida! O verso 35, naquele dia, não fazia parte dos meus planos, porém, tempos mais tarde iria se cumprir. Aconteceria de novo!
Mas, graças aos ais de Cristo, aqui estou eu para contar um dos meus ais.
Não é um ai que eu gostaria de contar, mas faz parte da minha jornada, o qual me ensinou a estar alerta com a degustação do prazer.
Um momento insano de minha parte, que gerou alguns ais.
Diferente dos ais de Jesus, que de insano não tem nada.
Os ais de Jesus, não me refiro aos ais que ele falou aos doutores da lei, e não tem a ver com a bebida que me embriagou, apesar d'Ele, certo dia, ter oferecido o melhor vinho a todos. Não sei se sabe, o seu primeiro milagre foi transformar água em vinho, mas tem a ver com a cor do vinho, o seu sangue derramado na cruz, por mim e por você.
Jesus, no momento do sacrifício da cruz, levantou a voz com um ai de profundo significado.
[Mateus 27]
46 E perto da hora nona exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactâni; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?
Um ai entoado as três horas da tarde, na presença de muitos, mas os que presenciaram o seu ai, não entenderam nada, assim como muitos que ainda hoje, não entendem.
Depois deste ai, veio outro ai.
[Mateus 27]
50 E Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito.
Depois deste ai, consumado foram os ais, para que cada um de nós pudéssemos ter os nossos ais justificados.
Melhor seria, se não entoássemos alguns tipos de ais, devemos buscar isto, mas não sendo possível, é certo que os ais já foram justificados por Cristo.
Os ais de Cristo pelos nossos ais.
Que loucura não é mesmo?
Os meus e os seus ais são iguais, porém, os de Jesus, são diferentes, apesar de serem iguais na escrita e na pronúncia. Assim, não dá para eu trocar o meu ai pelo seu ai, pois não vai acontecer nada diferente.
Mas os nossos ais pelos de Jesus é sobrenatural, faz mudar tudo!
Os ais de Jesus não carregam pecados, erros, mácula. Os nossos carregam e muito. Somos pecadores, erramos em nossas escolhas, em atitudes, afinal nossa jornada carregam ais.
Nossos ais carregam máculas, os ais de Jesus não.
[1 Pedro 1]
18 Porquanto, estais cientes de que não foi mediante valores perecíveis como a prata e o ouro que fostes resgatados do vosso modo de vida vazio e sem sentido, legado por vossos antepassados.
19 Mas fostes resgatados pelo precioso sangue de Cristo, como de Cordeiro sem mácula ou defeito algum,
Percebe a diferença? Entende o que eu estou lhe dizendo?
Não importa os seus ais e as respectivas consequências que você sofreu ou está sofrendo.
Importa que Jesus, como o Cordeiro sem mácula e sem defeitos, foi sacrificado, e o seu sangue vermelho como carmesim te resgatou de todos os seus ais.
Você só precisa aceitar este sacrifício e reconhecer Cristo como o seu resgatador.
Nada mais é preciso. Jesus Cristo é o resgatador! O meu, o seu, o nosso resgatador!
O seu sangue, como vinho que cintila no copo, cintilou na cruz do calvário, e escorreu suavemente pelo seu corpo, até que o seu último ai foi ouvido, o véu se rasgou em duas partes. A terra estremeceu, e fenderam-se as rochas. E então os que vigiavam a Jesus, deram um ai de pavor.
?É verdade! É verdade! Este era o Filho de Deus!? [Mateus 27:54]
Era!
É!
E sempre será, o seu resgatador!
Shalom, hoje e sempre pra você!